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Caetano Veloso diz que ser artista durante a presidência de Bolsonaro é “amargo”

Cantor lançou novo álbum, intitulado ‘Meu Coco’/Foto: Fernando Young/Divulgação

Ser artista durante a presidência de Jair Bolsonaro é uma experiência “triste”, afirma Caetano Veloso, astro da música brasileira, que lança um novo álbum com canções de amor, mas sem esquecer da política.

Veloso aceitou conceder uma entrevista por e-mail para a AFP após uma apresentação de sucesso na Filarmônica de Paris no mês passado. Foi o início de um novo ciclo de turnês de grandes nomes internacionais na Europa, após muitos meses de confinamento.

Ao final do show, algumas pessoas pediram a renúncia de Bolsonaro, que esta semana foi alvo de denúncias no relatório divulgado pela CPI do Senado sobre a gestão da pandemia de covid-19.

“Quando ouvi alguém gritar ‘Fora Bolsonaro’, respondi ‘com certeza'”, recorda Veloso, que acredita que existem paralelos inquietantes com épocas sombrias no Brasil, como durante a ditadura militar.

“Tudo o que é importante está sendo mal administrado pelo governo brasileiro. As decisões sobre a Amazônia são as mais abomináveis, assim como as muitas coisas horríveis que estão fazendo com a educação, cultura, ciência”, afirma.

“A única coisa que parece pior que a política para o meio ambiente de Bolsonaro é sua atitude diante da pandemia de covid, que matou mais de 600 mil pessoas em um curto período”, completa.

Viver sob Bolsonaro é “duro, triste, amargo”, resume por escrito Caetano Veloso, que reconhece, no entanto, que “há artistas (incluindo bons cantores e compositores) que o apoiam”.

“A euforia da extrema-direita é um fenômeno mundial. De alguma maneira, os conservadores, que eram conhecidos como a ‘maioria silenciosa’, demonstram que não querem continuar em silêncio”, destaca o artista, que foi preso durante a ditadura militar.

“Meu coco”

“Meu coco” é o novo álbum de Veloso, sua primeira obra em nove ano. Um dos destaques é a canção “Não Vou Deixar”, em clara referência ao presidente. “Foi o que eu disse diante da televisão quando Bolsonaro foi eleito”, explica.

Mas o disco também exala carinho e amor. Carinho por João Gilberto (“Meu coco”), que Caetano considera “o artista mais importante da música popular brasileira”.

“A bossa nova foi minha primeira paixão musical”, recorda o cantor e compositor.

“Ciclâmen do Líbano” é uma canção de amor, que curiosamente tomou uma rumo inesperado, explica Caetano Veloso. “Repito a palavra Líbano em um ritmo lento, repetitivo”, assim o ouvinte tem a impressão de que a composição é dedicada ao país do Oriente Médio que enfrenta uma profunda crise.

“O conteúdo é explicitamente terno e sexual. Mas todo mundo pensa inevitavelmente nos momentos amargos que este país está passando. Já estive em Beirute e sei como esta terra e seu povo são lindos”, explica.(A Tarde)

 

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