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Brasil X França: esperança, por Reinaldo Pinheiro

  Aprendi muitas coisas importantes e significativas com o Pe. Spínola! Inclusive, como cortar a carne no prato com elegância e a devida firmeza nas mãos.

Vejamos uma delas, contada por ele, quase ipsis litteris, quando era o Diretor do Ginásio de Jequié. Sábio e culto, substituía professores, eventualmente, sobretudo, em inglês, francês e língua portuguesa. Mas, desta vez, foi mais interessante, pois se tratava de um desespero em relação à disciplina língua francesa. Vamos à história?

Vale ressaltar, que o titular da cadeira, coincidentemente, era um cidadão francês, o saudoso e ilustre Professor Antoine Briodi, de saudosa memória. Bem, ao final da III unidade, verificou-se, que a maioria absoluta dos alunos, fora reprovada e o pior, o somatório das notas nas três unidades já determinava a reprovação na disciplina. Desespero total! Diante da situação vexatória, com muita habilidade, para não ferir os brios do Professor Briodi, o Pe. Spínola solicitou ao titular, ele mesmo assumir a turma até o encerramento do ano letivo.

Com efeito, celebrado o acordo entre os digníssimos cavalheiros, Spínola x Briodi, literalmente, Brasil e França, o padre finalmente foi conversar com os alunos desiludidos, mas com uma estratégia pedagógica na manga do colete, capaz de salvá-los do fogo da reprovação. Eis, enfim, a proposta mágica e sábia: nada está perdido! Proponho a vocês, apagarem todas as notas na caderneta, da I, II e III unidades e, após fazermos uma revisão intensiva e dedicada dos assuntos até então estudados, realizarmos uma nova avaliação e, para aqueles que obtiverem notas acima da média, prevalecerá a nota máxima.

Os discentes, atônitos, aceitaram de pronto o desafio! Participaram ativa e dedicadamente das aulas de revisão, motivados pela esperança do sucesso! Resultado, os alunos deram um salto de qualidade e foram merecidamente aprovados nos testes e, consequentemente, na matéria.

Ficou a lição! Anos mais tarde, eu na condição de diretor do CEMS, algo semelhante ocorreu com a disciplina matemática, sob a regência de um dos mais renomados professores da Bahia, meu amigo, Tufic Nassin Nader. Na época, sugeri ao professor que pusesse em prática a metodologia que eu havia aprendido com o mestre Spínola, outrora adotada com sucesso. De início, Tufic resistiu um pouco à ideia, mas diante do meu otimismo e a crença na pedagogia da esperança, acabou acatando a sugestão.

Após a primeira semana de aulas de revisão e as primeiras avaliações, o milagre se deu! O que faltava aos alunos, tão somente, era o embasamento teórico e necessário do ensino fundamental à construção dos conhecimentos mais complexos do curso científico. Tufic, com olhos marejados e a voz embargada com os resultados dos primeiros testes nas mãos, falou-me: – não houve um só aluno que tirasse menos de 5,0. – Tua fé te salvou, como diria o Senhor!

Pois é! Por essas e tantas outras, não devemos jamais perder a esperança! Nem em francês, nem em matemática, enfim, em nada na vida! Como diz Gonzaguinha: fé no homem, fé na vida, fé no que virá!

 

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