Fraude do INSS afetou aposentados com deficiência e analfabetos, diz relatório

O relatório da Polícia Federal (PF) sobre os descontos indevidos em aposentadorias do INSS indica que pessoas especialmente vulneráveis teriam sido vítimas de fraude. São moradores de zonas rurais, com dificuldades para acessar a internet e se deslocar até um posto da Previdência Social; pessoas com deficiência; doentes com impossibilidade de locomoção; e analfabetos.

Segundo o jornal Folha de S. Paulo, um caso emblemático é o de um aposentado de 78 anos, de Manacapuru (AM). Ele estava vinculado à Associação de Desenvolvimento Rural Família Feliz, de São Gabriel da Cachoeira (AM), município a 957 quilômetros de distância de onde ele mora. A Controladoria-Geral da União constatou que o deslocamento tomaria cerca de 27h30, com trechos percorridos de táxi e barco.

“É improvável que um aposentado de 78 anos fosse percorrer tamanha distância para se associar, assim como também é improvável que funcionários da associação fossem percorrer tantos quilômetros em busca de associados”, afirma a CGU em trecho reproduzido pela Polícia Federal. “E ainda que a vinculação associativa exista, seria muito difícil a prestação de quaisquer serviços pela entidade a tão longa distância.”

As investigações sobre fraudes no INSS foram tornadas públicas na última quarta-feira, 23, quando a PF e a CGU fizeram uma operação para apurar desvios que podem chegar a R$ 6,3 bilhões. A CGU identificou 14 aposentados ou pensionistas vinculados a entidades em municípios diferentes daqueles em que moram com descontos em seus vencimentos.

A GU fez uma série de entrevistas com aposentados do INSS para averiguar se os descontos que estavam sendo efetuados eram legítimos e constatou que 1.172 dos 1.198 entrevistados afirmaram não ter autorizado o desconto. Em alguns casos, um novo desconto foi cadastrado depois de o aposentado pedir o cancelamento de outro registrado anteriormente.

Em nota publicada na última sexta-feira, 25, o INSS afirmou que os acordos do órgão com as entidades foram suspensos. O instituto disse ainda que a devolução dos descontos associativos não reconhecidos pelos beneficiários serão avaliados grupo da Advocacia Geral da União.

Fonte: Redação Terra